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18/09/2015

Confira o discurso de abertura do presidente do IMIP do VI Congresso Científico do IMIP

Confira a íntegra do discurso de abertura do presidente do IMIP, Prof. Gilliatt Falbo, do VI Congresso Científico do IMIP, no dia 16 de setembro de 2015:

" A curiosidade científica nos leva a procurar resposta para problemas postos. Este tipo de evento estimula em todos a vontade de descobrir novas formas de observar um evento.

Estou seguro que nestes dias haverá aprendizagem, debates frutíferos que contribuirão para uma formação contínua e sólida de todos aqueles que participarem ativamente. Também servirá para estreitar os laços de fraternidade e cooperação entre orientadores e nossos futuros profissionais de saúde.

Gostaria neste momento de ampliar o escopo da nossa curiosidade e observação.

Cooperação e formação de equipes na saúde são cada vez mais necessárias nestes tempos de crise ética, política, econômica e já começamos a vivenciar no nosso país uma crise humanitária.

No mundo, ainda morrem a cada dia milhares de pessoas por doenças totalmente preveníveis, muitos nem chegam a nascer, outros crescem órfãos, com grandes sequelas e incapacidades, num planeta onde continentes inteiros são esquecidos, como o africano e sabemos que existem recursos suficientes para salvar e curar estas pessoas. No entanto outros milhares permanecem indiferentes ante a dor e a evidente violação destes direitos humanos. Além disso, somos obrigados a observar o aumento das mortes pela violência e a drogadição.

O envelhecimento da nossa população indica que as doenças não transmissíveis aumentarão nos próximos anos o que demandará uma grande oferta de serviços de saúde, além da necessidade de enfrentar as atuais e futuras situações epidemiológicas. Deste modo, só se poderá avançar em matéria de acesso e cobertura sanitária com um maior investimento no financiamento dos sistemas de saúde.

Para enfrentar estes desafios é preciso uma estratégia que garanta a universalização do acesso e serviços. No entanto o SUS continua segmentado nas três esferas de poder, subfinanciado, sem eficiência e efetividade. Seus resultados desagradam a todos. A nós prestadores e aos nossos clientes, os usuários do sistema. O processo da crise penaliza os mais pobres e nos deixa numa situação de explicar e responder à sociedade por responsabilidades que não são nossas. Os serviços de saúde, os prestadores de serviço e seus trabalhadores não podem ser responsabilizados por este estado de coisas que hora vivenciamos.
Além das questões locais e regionais hoje há uma ameaça a Paz mundial pelo terrorismo. As guerras tribais, religiosas e colonizadoras persistem. Há migração de milhares de fugitivos da fome e refugiados das guerras. Há escassez de alimentos e de água, esgotamento dos combustíveis fósseis e a necessidade de fontes de energias renováveis, fatores que levam os países e povos ao conflito. Acrescente-se o aquecimento global e suas consequências e tudo isso faz deste planeta um lugar inseguro, e condiciona a sobrevivência das futuras gerações a uma mudança de postura e de valores, ou seja, ao surgimento de uma nova ética planetária. Torna-se fundamental uma nova concepção de modelo de desenvolvimento, pois é inegável, que o atual mostra sinais claros de colapso.

É responsabilidade do setor saúde não só prevenir, curar e reabilitar, mas alertar sobre a necessidade de proteger a espécie humana e contribuir para que as pessoas possam viver de uma forma sana e digna, pois este é realmente um direito humano.
Cada país deve definir seu próprio caminho, baseado em seu contexto histórico particular, social, econômico, promovendo um amplo diálogo social para avançar e alcançar, sobretudo no setor saúde, a esta tão almejada cobertura universal.

Estamos vivendo tempos difíceis, mas este é um objetivo que todos devemos perseguir e nunca abandonar".


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